Quem duvidava que, de dentro da prisão, Lula estivesse no processo eleitoral, cuide-se
Recebida como se fora uma contribuição a mais para a mesmice política, a orientação mandada por Lula ao PT e a seus demais seguidores, ao final da semana passada, introduz uma perspectiva nova e inesperada na disputa pela Presidência. A recomendação de que Ciro Gomes não seja hostilizado, e até busquem com ele um pacto de não agressão com vistas ao segundo turno, significa muito mais do que diz.
Antes de tudo, a orientação muda as predisposições do comando petista com Ciro Gomes, até aqui repelido no tom terminativo bem caracterizado pela própria presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann.
É verdade que Lula apenas ciscava, com uma ou outra bicadinha, na candidatura de Ciro. E parte dos petistas, apesar da rejeição exposta, não escondeu preferi-lo a Marina Silva, como demonstrado pelo Datafolha. Com um recado, isso tudo foi-se.
A referência de Lula ao segundo turno com Ciro contém duas situações. A do apoio de Ciro ao candidato do PT, seja quem for e contra quem for, mas também a de apoio do PT a Ciro, com iguais condições. Esta última hipótese, porém, vai mais longe: nela está implícita a admissão de que o candidato do PT não chegue ao segundo turno.
Como não dá para presumir Lula fora do turno final —se não ganhasse no primeiro— segue-se que os petistas citados como seu eventual substituto, até aqui, não geram esperanças em casa.
O futuro de Lula continua incerto. Se os seus processos puderem chegar a um corpo de juízes sem causa política ou ideológica, a questão das provas por fim ganhará a relevância que a Justiça lhe dá, em um ou em outro sentido. Por ora, Lula pode ou não pode concorrer.
Com isso, o desejado enlace com Ciro no segundo turno, e desde logo rejeitado com qualquer outro dos candidatos, tem um caráter de alternativa que se estende necessariamente ao primeiro turno. A depender só das circunstâncias e suas exigências.
Remota ou não, segundo cada interpretação, a possibilidade está inscrita na orientação de Lula que aproxima PT e Ciro Gomes. E que transtorna tanto a configuração da escala de pré-candidatos como as cabeças de vários deles, cientes de que, se Lula não concorrer, de nada lhes adianta: a aliança PT-Ciro faz serviço semelhante.
Quem duvidava que, de dentro da prisão, Lula estivesse no processo eleitoral, cuide-se.
Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, analisa a política e a economia.
Recebida como se fora uma contribuição a mais para a mesmice política, a orientação mandada por Lula ao PT e a seus demais seguidores, ao final da semana passada, introduz uma perspectiva nova e inesperada na disputa pela Presidência. A recomendação de que Ciro Gomes não seja hostilizado, e até busquem com ele um pacto de não agressão com vistas ao segundo turno, significa muito mais do que diz.
Antes de tudo, a orientação muda as predisposições do comando petista com Ciro Gomes, até aqui repelido no tom terminativo bem caracterizado pela própria presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann.
É verdade que Lula apenas ciscava, com uma ou outra bicadinha, na candidatura de Ciro. E parte dos petistas, apesar da rejeição exposta, não escondeu preferi-lo a Marina Silva, como demonstrado pelo Datafolha. Com um recado, isso tudo foi-se.
A referência de Lula ao segundo turno com Ciro contém duas situações. A do apoio de Ciro ao candidato do PT, seja quem for e contra quem for, mas também a de apoio do PT a Ciro, com iguais condições. Esta última hipótese, porém, vai mais longe: nela está implícita a admissão de que o candidato do PT não chegue ao segundo turno.
Como não dá para presumir Lula fora do turno final —se não ganhasse no primeiro— segue-se que os petistas citados como seu eventual substituto, até aqui, não geram esperanças em casa.
O futuro de Lula continua incerto. Se os seus processos puderem chegar a um corpo de juízes sem causa política ou ideológica, a questão das provas por fim ganhará a relevância que a Justiça lhe dá, em um ou em outro sentido. Por ora, Lula pode ou não pode concorrer.
Com isso, o desejado enlace com Ciro no segundo turno, e desde logo rejeitado com qualquer outro dos candidatos, tem um caráter de alternativa que se estende necessariamente ao primeiro turno. A depender só das circunstâncias e suas exigências.
Remota ou não, segundo cada interpretação, a possibilidade está inscrita na orientação de Lula que aproxima PT e Ciro Gomes. E que transtorna tanto a configuração da escala de pré-candidatos como as cabeças de vários deles, cientes de que, se Lula não concorrer, de nada lhes adianta: a aliança PT-Ciro faz serviço semelhante.
Quem duvidava que, de dentro da prisão, Lula estivesse no processo eleitoral, cuide-se.
Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, analisa a política e a economia.
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