Plano de Temer para a Saúde |
Ramon Vieira
"Pela própria concepção do mundo, pertencemos
sempre a um determinado grupo, precisamente o de todos os elementos sociais que
partilham de um mesmo modo de pensar e agir..." (Antonio Gramsci - A
concepção dialética da história).
Não é novidade para ninguém, muito menos para aquelas
e aqueles que fazem seu pensamento funcionar com as armas da crítica, que têm
apreço pela filosofia do pensamento histórico, que o nosso Brasil passa por um
momento deveras conturbado.
Alia-se a tudo o que já vimos e ouvimos nos últimos 45
dias - dos absurdos e destemperos - a conjuntura tende somente a piorar. Na
pauta da saúde não é diferente. São épocas de sangrenta crise do sistema
capitalista e quem sempre perde nesse jogo (à medida que não se impõe de forma
organizada) são os trabalhadores e as trabalhadoras (estas ainda mais, por
serem mais sacrificadas. Aqui afirmamos que na atual forma organizacional do
mundo as mulheres são mais e muito mais sacrificadas - na maioria das vezes por
serem mulheres).
Bem, se temos em mente que quem perde nesse jogo somos
nós, é preciso entender que não avançaremos sem organização. Temos visto as
várias formas de luta que tem se apresentado no país, uma delas muito justa: as
ocupações dos prédios das instituições que representam o estado brasileiro. O
ministério da saúde não fugiu da trincheira e tem sido alvo de protestos e
ocupações. Na Bahia, Minas Gerais e agora Santa Catarina e Rio de Janeiro
tivemos as sedes do referido ministério ocupadas por integrantes dos movimentos
sociais e populares da saúde (usuárias e usuários, trabalhadoras e
trabalhadores, intelectuais e demais ativistas do campo da saúde). Há muito
tempo não víamos nos movimento de saúde a utilização dessas táticas de luta, o
que nos faz crer que esse setor ainda não perdeu sua capacidade de fazer
política.
As denúncias são várias, as mais críticas não se
limitam necessariamente aos cortes e ações absurdas do governo golpista de
Michel Temer, mas conseguem apontar vários furos que os governos petistas de
Lula e Dilma cometeram na pauta da saúde. A se destacar que o ministério foi
feito moeda de troca na dança das cadeiras com o PMDB e a abertura do SUS para
o capital privado com a PEC 358/2013. No atual governo golpista o ministério
foi entregue ao senhor Ricardo Barros (PP - PR) que, diga-se de passagem, é
investigado por corrupção desde as épocas de prefeitura de Maringá. Esse senhor
disse que nosso Sistema Único de Saúde (SUS) é muito "grande" e deve
ser "repensado".
O movimento combativo do campo da saúde deverá ficar
muito atento para as próximas movimentações, entender que a política se faz
fora e dentro dos serviços de saúde e que uma sociedade saudável é aquela que
combate às doenças também com luta.
* Ramon Vieira é trabalhador da saúde (Bacharel em Terapia Ocupacional pela UFMG) e
militante das Brigadas Populares.
Brasil em 5
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