Tomás de Torquemada 1420 — Ávila, 16 de setembro de 1498) ou o O Grande Inquisidor foi o inquisidor-geral de origem Sefardita[1] [2] dos reinos de Castela e Aragão no século XV e confessor da rainha Isabel a Católica.
Ele foi famosamente descrito pelo cronista espanhol Sebastián de Olmedo
como "O martelo dos hereges, a luz de Espanha, o salvador do seu país, a
honra do seu fim". Torquemada é conhecido por sua campanha contra os
judeus e muçulmanos convertidos da Espanha. O número de autos-de-fé durante o mandato de Torquemada como inquisidor é muito controverso, mas o número mais aceito é normalmente 2 200.
Ainda jovem, tornou-se frade dominicano no Convento de São Paulo em sua cidade natal. Em 1452 foi eleito prior do Convento de Santa Cruz, em Segóvia. Era sobrinho do cardeal Juan de Torquemada, igualmente dominicano.[3]
Nascimento 1420, Torquemada ou Valladolid
Morte 16 de setembro de 1498 (78 anos) Ávila
Parentesco Juan de Torquemada
Ocupação Inquisidor Geral
Religião Cristã
Índice
1 Biografia
1.1 A situação política e religiosa na Espanha
1.2 Inquisição Espanhola e Torquemada
1.3 Morte
1.4 Questão do Sangre Limpia
2 Referências
Biografia
A situação política e religiosa na Espanha
Na segunda metade do século XV, a Península Ibérica
tinha mais judeus convertidos do que qualquer outra região do mundo.
Ocupada durante séculos pelos muçulmanos, que concediam aos judeus e
cristãos liberdade de culto a troco de um imposto especial, a Península
Ibérica tornou-se um refúgio ideal e palco de uma intensa troca
civilizatória entre elementos das culturas cristã, muçulmana e judaica.
Entre os frutos desse intercâmbio, destaca-se a Astrologia,
quase desaparecida da Europa durante alguns séculos e que retorna ao
continente exatamente pela via do contato com o mundo islâmico, na
região do Mediterrâneo.
Com a progressiva unificação da Espanha
(resultado da união dos reinos de Leão e Castela e, mais tarde, destes
com Aragão) os muçulmanos e os judeus foram aos poucos "empurrados" para
o sul, obrigados a migrar para o Marrocos ou a fazer uma conversão forçada ao cristianismo,
porém, tal conversão era sempre vista com desconfiança, já que na
maioria dos casos estas pessoas continuavam em segredo a praticar seus
antigos cultos.
Inquisição Espanhola e Torquemada
Com o casamento de Fernando de Aragão com Isabel de Castela, os dois reinos uniram-se e a Espanha moderna começou a formar-se. Torquemada era frade nessa época (1478) dominicano e confessor de Isabel, função que exercia desde 1474. Em 1483 por nomeação do papa Sixto IV, Torquemada torna-se inquisidor-geral espanhol.
Torquemada
difundia que os judeus não eram confiáveis e que o país "precisava"
possuir apenas sangre limpia, ou seja, sangue puramente cristão. O
objetivo da Inquisição era a erradicação da heresia,
o que, para Torquemada, era sinônimo de eliminação dos marranos. Para
estimular as delações, a Inquisição chegou a publicar um conjunto de
orientações que ensinava os católicos a vigiar os seus vizinhos e a
reconhecer possíveis traços de judaísmo:
"Se observar que os seus vizinhos vestem roupas limpas e coloridas no sábado, eles são judeus.
Se eles limpam as suas casas às sextas-feiras e acendem velas mais cedo do que o normal naquela noite, eles são judeus.
Se eles comem pão ázimo e iniciam a sua refeição com aipo e alface durante a Semana Santa, eles são judeus.
Se eles recitam as suas preces diante de um muro, inclinando-se para frente e para trás, eles são judeus."
A pena mais leve imposta aos marranos era o confisco dos seus bens. Os reis católicos,
Isabel e Fernando, precisavam de receitas, e a perseguição movida aos
hereges por Torquemada era uma fonte de renda que interessava ao Estado.
Isabel e Fernando auto-intitulavam-se "protetores da Igreja e
defensores da fé". O mais comum era serem obrigados a desfilar pelas
ruas vestidos apenas com um "sambenito" - traje que definia sua condição
de hereges - e flagelados à porta da igreja. A etapa seguinte era a
morte na fogueira, durante os chamados autos-de-fé,
após inomináveis torturas. Torquemada, no afã de obter dos reis
católicos a expulsão definitiva de todos os judeus, promoveu em 1490 um
julgamento-espetáculo, onde as vítimas foram oito judeus acusados de
praticar rituais satânicos de crucificação de crianças cristãs.
Pressionados pelo clima de crescente intolerância, em 31 de Março de
1492 Fernando e Isabel publicaram seu Edito de Expulsão:
"Decidimos ordenar a todos os ditos judeus, homens e mulheres, que
deixem nossos reinos e jamais retornem a eles." Foi concedido aos judeus
que permanecessem até julho na Espanha. A partir daí, os que fossem
encontrados seriam mortos. Muitos fugiram para Portugal ou Norte da
África, onde enfrentaram mais perseguições; alguns, sem alternativa,
permaneceram na Espanha como "judeus ocultos". A ação intolerante de
Torquemada trouxe-lhe resistências, as quais chegaram ao Papa Alexandre VI, tendo este, por Breve
de 23 de Junho de 1494, nomeado quatro adjuntos com iguais poderes,
visando limitar a ação de Torquemada. Em 1484 redigiu uma Instrução,
opúsculo que propunha normas e procedimentos para os processos
inquisitoriais, inspirando-se em trâmites já usuais na Idade Média. Foi
publicada uma atualização em 1490 e uma outra em 1498.
Morte
Após completar a expulsão dos judeus, Torquemada retirou-se para o convento de São Tomás, em Ávila
do qual tinha sido o fundador, onde passou seus últimos anos convencido
de que desejavam envenená-lo, o que o levava a manter um chifre de unicórnio, considerado um antídoto eficaz, sempre perto de si. Torquemada faleceu de morte natural em 1498.
Questão do Sangre Limpia
Como
muitos espanhóis, Torquemada parece ter tido ancestralidade judaica: o
historiador contemporâneo Hernando del Pulgar, ressaltou que o
antepassado de Torquemada, Alvar Fernández de Torquemada tinha casado
com uma primeira geração de judeus convertidos, porém nada ficou
provado.
Referências
· Falk, Avner. A Psychoanalytic History of the Jews, Fairleigh Dickinson University Press, 1996, p.508, isbn 0838636608
· · "Tomas de Torquemada", Encyclopedia of World Biography, 2004
· «Meditações, ou contemplações do mais devoto». World Digital Library. 1479. Consultado em 2013-09-04.
A inquisição em seu mundo: Prof. João Bernardino Gonzaga. Obra a respeito da Inquisição em língua portuguesa.
William Thomas Walsh, Characters of the Inquisition, (Tan Books and Publishers, 1987). ISBN 0895553260
Henry Kamen, The Spanish Inquisition: A Historical Revision, (Yale University Press, 1999). ISBN 0300078803
Alphonsus Maria Duran, Why Apologize for the Spanish Inquisition?, (Eric Gladkowski, 2000). ISBN 0970223501
Thomas Torquemada, article in 1911 Britannica
The Age of Torquemada, by John Edward Longhurst (1962)
Letters on the Spanish Inquisition by Joseph de Maistre
The Scales of Good and Evil by Cliff Pickover
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