Apoiado por donos de jornais do interior, Lula defende
democratização da mídia
Ex-presidente defendeu democratização da mídia na abertura
do segundo Congresso de Diários do Interior, na noite desta terça-feira (13),
em Brasília.
Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi
ovacionado pelos cerca de 300 proprietários de jornais brasileiros que
participam do 2º Congresso de Diários do Interior, em Brasília, na noite desta
terça (14), quando destacou a importância da mídia regional e defendeu a
democratização da comunicação no país.
“Aprimorar a democracia significa também garantir aos
cidadãos o direito à informação correta e ao conhecimento da diversidade de
ideias em uma sociedade plural. Esse tema passa pela constituição do marco
regulatório da comunicação eletrônica, conforme previsto na Constituição de
1988”, afirmou o ex-presidente.
Segundo ele, o Código Brasileiro de Telecomunicações é de
1962, quando no país inteiro havia apenas dois milhões de aparelhos de TV, não
havia rádio FM, computadores ou internet. “No Brasil de hoje, é preciso
garantir a complementaridade de emissoras privadas, públicas e estatais,
promover a competição e evitar a contaminação ideológica de alguns meios de
comunicação deste país”, acrescentou.
Os empresários que aplaudiram entusiasticamente o
ex-presidente não eram, claro, os proprietários dos grandes grupos de
comunicação que fazem oposição sistemática ao governo petista, mas os donos dos
340 jornais de pequeno e médio porte do interior do país que, hoje, atingem
quatro milhões de leitores. Mais do que o público de todos os chamados grandes
juntos.
São jornais que experimentaram um desenvolvimento recorde
desde que Lula assumiu a presidência, em 2003, e decidiu repassar a eles uma
fatia do bolo da publicidade oficial, antes só destinada aos grandes. “Quando
chegamos ao governo, a publicidade regional era direcionada a 240 rádios e
jornais. Em 2009, já chegava a 4.692 rádios e jornais de todo o país”,
contabilizou o ex-presidente.
Por isso, decidiram homenageá-lo com o troféu “Amigo da
Associação dos Diários do Interior do Brasil (ADI – Brasil)”, entregue na noite
da abertura do congresso. Em tom descontraído, mas bastante crítico à cobertura
feita pela chamada grande imprensa, Lula exacerbou a importância da mídia
regional para fazer o contraponto e ajudar o país a conhecer melhor a
pluralidade de vozes existentes na sociedade. Foi aplaudido de pé.
Imprensa regional X nacional
No seu discurso, o ex-presidente ressaltou o acerto do seu
governo em investir em mídia regional. Segundo ele, foram os veículos de
comunicação do interior e os alternativos que contaram aos brasileiros as
mudanças em curso no país que não aparecem na grande mídia. “A maior cobertura
de políticas públicas que os grandes jornais fizeram neste período foi para
apoiar o fim da CPMF, que tirou 50 bilhões anuais do orçamento da saúde”,
ironizou.
Lula desfiou vários exemplos de como a mídia regional
retratou as transformações brasileiras, enquanto os grandes veículos de
comunicação ignoraram as mudanças realizadas por seu governo, invertendo a
lógica do que é notícia para possibilitar manchetes negativas.
“Quando o Luz Para Todos chega em uma localidade rural ou em
uma periferia pobre, está melhorando a vida daquelas pessoas, gerando empregos.
E isso é uma notícia importante para os jornais da região. Já os grandes
jornais, nunca deram importância ao Luz Para Todos. Mas quando o programa
superou todas as expectativas e alcançou 15 milhões de brasileiros, um desses
jornais deu na primeira página: ‘Um milhão de brasileiros ainda vive sem luz’.
Onde estava esse grande jornal quando 16 milhões de brasileiros não tinham
energia elétrica?”, questionou.
“Quando as cidades recebem profissionais do Mais Médicos,
vocês sabem o que isso representa para os que estavam desassistidos. Já são 20
mil profissionais que vão atender 50 milhões de pessoas. E a imprensa nacional
só fala daquela senhora que abandonou o programa por razões políticas ou
daquele médico que foi falsamente acusado de errar uma receita”, alfinetou.
“O número de universitários no país dobrou para sete
milhões, graças ao Prouni, ao Reuni e ao Fiés. Os grandes jornais não costumam
falar nisso. Mas são capazes de fazer um escândalo quando uma prova do Enem é
roubada dentro de uma gráfica, que por sinal era de um dos maiores jornais que
criticaram o Enem”, ironizou.
A guerra ideológica da imprensa estrangeira
O ex-presidente também não poupou críticas à parcela da
imprensa estrangeira que vem investindo contra o país, desde que o Brasil
conquistou destaque global, segundo ele com uma política econômica
diferenciada, que combina crescimento com inclusão social.
“Quando mais distante estiver da realidade, mais vai errar
um veículo de comunicação. Basta ver o que anda publicando sobre o Brasil a
imprensa econômica e financeira do Reino Unido. O país deles tem uma dívida de
mais de 90% do PIB, com índice recorde de desemprego, mas eles se preocupam em
escrever que o Brasil, com uma dívida líquida de 33% do PIB, é uma economia
frágil. E eu não posso aceitar a ideia de que uma economia frágil tenha
reservas de R$ 376 bilhões, inflação controlada, investimentos crescentes e um
índice de emprego que nós nunca tivemos neste país”, disparou Lula.
Segundo o ex-presidente, a imprensa estrangeira escreve que
os investidores não confiam no Brasil, mas omite que o país já é reconhecido
como um dos maiores destinos globais de investimentos, a frente de qualquer
país europeu. “Dizem que perdemos o rumo e devemos seguir o exemplo de países
obedientes à cartilha deles. Mas se esquecem que, desde 2008, quando o mundo
destruiu 62 milhões de postos de trabalho,
o Brasil criou mais de 7 milhões de empregos”, continuou.
Bonecos de ventríloquos
Lula também investiu pesado contra os jornalistas
brasileiros que repetem as informações publicadas pela imprensa estrangeira
acriticamente, errando sucessivas previsões sobre o caos econômico que projetam
para o país. “O que eu lamento é que alguns jornalistas brasileiros fiquem
repetindo notícias erradas que vem de fora, como bonecos de ventríloquo. Isso é
ruim para a imprensa, porque o público sabe distinguir o que é verdade e o que
não é”, acrescentou.
Carta Maior
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