domingo, 23 de outubro de 2011

Mulheres do Campo na defesa do emprego e igualdade



1º Encontro de Trabalhadoras da CTB-RS reforça a luta em defesa do emprego e igualdade

O 1ª Encontro das Mulheres Trabalhadoras Rurais e Urbanas da CTB, realizado nesta quinta-feira (19), lotou o auditório da Fetag-RS, em uma demonstração de sucesso absoluto dessa iniciativa.


O presidente da Fetag/RS, Elton Weber, considerou o evento da CTB um sucesso: “Prova disso foi a vinda do deputado federal Aldo Rebelo, relator do novo Código Florestal, que tem sido requisitado para palestrar em todo o país e não consegue espaço em sua agenda, mas esteve presente”. Tenho certeza de que com a realização desse evento, juntos iremos melhorar a vida das mulheres, dos homens e das nossas famílias.


O presidente daCTB-RS, Guiomar Vidor, destacou a luta das mulheres com a injustiça e a desigualdade imposta pela sociedade. “Elas nos movimentam, através de suas lutas, para a unidade de todos que estão interessados em construir um país e um mundo melhor, baseado no desenvolvimento, mas, acima de tudo, para o conjunto da classe trabalhadora na construção da sociedade que nós queremos”, ressaltou.


"Com a unidade dos homens e das mulheres do campo e da cidade, podemos avançar nas conquistas de política públicas cada vez mais afirmativas, que são extremamente importantes. Por isso, é imprescindível essa unidade", destacou o presidente da CTB.



A primeira palestrante, Dra. Carmelita Mazzardo, presidente da Comissão da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional RS, abordou o tema “Violência contra a Mulher” e fez questão de ressaltar a presença de homens no auditório. “Nós só vamos fazer a mudança de paradigma quando homens e mulheres puderem sentar juntos, lado a lado, e discutirmos problemas que atingem tanto o homem quanto a mulher”.


"Nós, mulheres, fazemos a diferença. Mas ela só é feita através de muita luta e nela não existe diferença entre a mulher do campo e a da cidade, a não ser pelo fato de que na cidade temos mais condições e meios para lutar por nossos direitos", destacou a advogada.


Ao citar a importância da Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, que passou a punir os crimes de violência contra as mulheres, a Dra. Carmelita revelou dificuldades de implementá-la nas cidades do interior. “Na grande maioria das vezes a mulher não denuncia a agressão sofrida em casa porque tem vergonha e medo de se expor para alguém que, às vezes, é até amigo do seu marido”, denunciou.


Ao historiar a luta para que essa lei fosse efetivada frente ao que prevê a Constituição, que só pune o agressor depois de ser instaurado o processo e o julgamento dos agressores, destacou a importância de que o Juizado Criminal também abarque as Varas da Violência Doméstica, a fim de que as mulheres sejam efetivamente protegidas, pois 72% das mulheres continuam vivendo com o autor do crime.


"Agora, toda a agressão contra a mulher passou a ser enquadrada na Lei Maria da Penha. Desta forma, não há mais o risco da mulher desistir da ação, o que ocorria em 90% dos casos, porque elas eram pressionadas pela falta de condições de se sustentarem. A falta de profissionalização da mulher é que a leva a se sujeitar à violência e aos maus tratos. A luta das mulheres têm que ser para que nós possamos realmente efetivar a lei a fim de garantir os nossos direitos, o que aos poucos estamos conseguindo".


Raimunda Gomes, Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CTB fez a segunda palestra, que tratou de Emprego, Direitos Sociais e Igualdade. Inicialmente foi feito um levantamento dos problemas atuais das mulheres. “Queremos enfrentar o desemprego reunindo as mulheres que já estão organizadas nas nossas entidades sindicais, mas é preciso trazer as trabalhadoras que estão fora, a fim de que elas também encampem a nossa luta”, sintetizou.


"Elegemos a Conferência Nacional de Política para as Mulheres e a Conferência do Trabalho Decente para reunir as mulheres de todos os segmentos sociais a fim de debater qual o papel da mulher no mercado de trabalho e como melhorar a sua inserção, qualificação e remuneração". destacou a sindicalista.


Depois de colocar dados da Organização Internacional do Trabalho, da ONU e do Dieese, foi feito o diagnóstico em que foram constatadas as debilidades. Não apenas com o objetivo de obter igualdade salarial, mas dar às mulheres condições efetivas de trabalho.


"Nossa tática de luta no momento atual é participar das Conferências, dos Conselhos e fortalecer a inserção da mulher no movimento sindical. Nós temos um papel fundamental na construção do sindicalismo. Vamos procurar trazer para a CTB os sindicatos que ainda estão fora, a fim de sermos o grande guarda-chuva que vai organizar a luta das trabalhadoras".


O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do Novo Código Florestal, foi o último palestrante, com o tema “Código Florestal e Desenvolvimento Nacional”.  E fez revelações estarrecedoras a respeito do lobby mundial com o objetivo de prejudicar o futuro da agricultura brasileira.


"Acabamos há pouco tempo de modificar o Código Penal, passamos por Reformas Tributárias, que é algo muito sensível, por envolver quem paga ou não impostos no Brasil. E nenhuma dessas leis teve a repercussão do debate sobre o Código Florestal. Até artistas da TV Globo e celebridades estão em Brasília pressionando para que não mude o Código Florestal, o que demonstra como esse assunto mexe com interesses. Por que ele se tornou um divisor de águas tão importante?", questionou o deputado. "Porque muito mais do que definir mata ciliar, reserva legal, esse Código Florestal está definindo se o Brasil tem autonomia para usar o seu território e as suas reservas naturais e os seus recursos hídricos em benefício do seu povo. Ou se o ouso desse bem nacional vai estar subordinado aos interesses externos, daqueles que concorrem com o Brasil na produção de alimentos, que concorrem na produção de minérios e daqueles que concorrem com o Brasil no comércio internacional agrícola".


Aldo Rebelo informou que, no trajeto para Porto Alegre, leu nos jornais que o Congresso dos Estados Unidos havia liberado subsídios para a sua agricultura. “O agricultor norte-americano se tornou um funcionário público. A renda dele não depende do que plantou, mas do Tesouro dos EUA, que paga pelo que ele produz.”


"O Brasil incomoda muito, porque é um grande produtor de soja, carne bovina, suína, de frango e concorre com produtores internacionais. O país que produz alimentos é uma potência muito mais respeitada do que aquele que tem os seus quartéis cheios de armas. O mundo já passou por muitas fomes. O país que não é produtor de alimentos, pode ter a riqueza que tiver, mas não será uma potência".


Como exemplo, Aldo lembrou que durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto Londres era bombardeada pelos alemães, a Marinha da Inglaterra estava na Atlântico Sul dando proteção aos navios argentinos que embarcavam alimentos para a Europa.


"A produção de alimentos não é importante apenas para o Brasil, mas para todo o mundo. Hoje, somos o quarto país produtor do mundo, mas seremos o primeiro. E o Código Florestal foi uma forma que encontraram de travar uma guerra contra a agricultura brasileira, inviabilizando áreas das mais nobres para a produção, criando tributos contra o produtor do país, porque confiscam parte das suas áreas mais nobres para a produção. Não há nenhum país do mundo que tenha reserva legal na propriedade. Nenhum! Será que todos os países do mundo são inimigos do meio ambiente? Não são. Mas nenhum deles criou a reserva legal na propriedade. No entanto, exigem que haja uma reserva legal de 80% da Amazônia. E por que exigem isso? Porque nenhuma legislação do mundo tratou disso. Só aqui no Brasil. O estado do Amapá tem 79% seu território ocupado por parques nacionais. Resta cerca de 21% para produzir alimentos. Roraima tem 68% de áreas públicas. Como podem nos acusar de não cuidar do nosso meio ambiente?",  cobrou Aldo Rebelo.


"O meio ambiente é importante para o bem estar material e espiritual da sociedade. Não temos dúvida disso porque somos o país que mais protege o meio ambiente no mundo. Mas o Brasil tem uma grande responsabilidade e o governo e a população precisam ter consciência da necessidade de defender a agricultura e a produção de alimentos do país. Ninguém pode brincar com isso, não. A única coisa que as pessoas compram todo o dia é comida. O que pesa no bolso do pobre é a comida. É onde ele gasta a maior parte do que ganha. E isso é uma coisa muito séria. Moradores do Jardim Paulista, da Vieira Souto, artistas da Rede Globo podem brincar com isso. Mas o governo e o Congresso, não". 

Fonte:
 Emanuel de Mattos - CTB-RS

Portal Mundo Sindical

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