Jandiara Soares
As panes nas ligações, cobranças indevidas e os problemas com o cancelamento de contas levaram o Ministério Público (MP) a instaurar um inquérito para apurar as denúncias de má qualidade no serviço prestado pelas operadoras de telefonia móvel. Após a fase de coleta de provas, MP e Procons devem unir forças para uma ação civil pública contra as empresas Tim, Oi, Claro e Vivo. A falta de investimentos nas redes de transmissão e a venda de acessos acima da capacidade operacional aparecem como os principais responsáveis pelos problemas com telefonia móvel no estado.
De acordo com o Procon Estadual, de primeiro de janeiro a 30 de setembro deste ano, foram realizadas 355 reclamações relacionadas com a telefonia móvel sendo que destas, 66 estavam diretamente relacionadas a falhas ou serviços não prestados. Segundo a Secretária executiva do Procon Estadual, Klébia Ludgério, “a exemplo do que aconteceu no Rio Grande do Norte e no Piauí, se condenadas, as empresas podem pagar uma multa de R$50 milhões e ter as vendas dos acessos proibidas no estado”.
As principais reclamações sobre os serviços de telefonia móvel em João pessoa estão ligados à falta de sinal que vem atingindo vários pontos da cidade e as situações em que as redes ficam ocupadas. Segundo o professor de Engenharia Elétrica do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFPB), Alfredo Souza, a estrutura das operadoras não vem acompanhando o desenvolvimento das cidades.
“O crescimento da construção civil na cidade vem prejudicando o sinal em algumas áreas. Mas o problema não são as novas construções, mas as empresas que não investem na melhoria do sinal para acompanhar esse desenvolvimento”, afirma ele. Já o problema da rede ocupada ocorre quando há uma sobrecarga de utilização dos acessos da operadora, “daí não há espaço para todos os clientes utilizarem a rede da operadora”, explica Alfredo.
Crescimento
Mesmo com os problemas, o segmento continua crescendo no Estado. Com uma média de 101,1 acessos para cada 100 habitantes, a Paraíba fechou setembro como o quarto estado com mais acessos à telefonia móvel no Nordeste em 2011. Os dados são da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e mostram números que superam a média regional de acessos (100,21) em relação ao mesmo período do ano passado.
Na Paraíba, do total de 3,2 milhões de acessos em operação, 2,8 milhões são pré-pagos e 304 mil pós-pagos. Em setembro, os estados da Paraíba e Roraima registraram mais de um acesso em serviço por habitante e se juntaram as outras 19 unidades da federação.
Oi é líder, mas perde mercado para as outras
De acordo com a Anatel, em setembro de 2010, a operadora líder em acessos móveis na região era a empresa Oi, com 1,2 milhões de acessos, que correspondiam a 39% do mercado local. Em setembro de 2011, apesar de registrar um crescimento de 215,2 mil acessos, chegando a 1,4 milhões de acessos no estado a operadora vem perdendo espaço, e detém, hoje, 37,2 % do mercado paraibano, uma queda de 1,73%. Por outro lado, empresas como Vivo, Tim e Claro vêm ampliando suas participações no mercado local.
A assessoria de imprensa da Tim diz que a empresa desenvolve ações preventivas e vem aumentando os recursos destinados à infraestrutura para garantir a qualidade de seus serviços, investindo R$ 2,9 bilhões neste ano.
Já a da Vivo diz que a empresa nunca esteve nas listas das mais reclamadas sobre as falhas nas ligações citadas na reportagem.
Paraíba Hoje
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