sábado, 5 de dezembro de 2009
Pochmann: Sociedade pós-industrial exige mudanças
Nos próximos 20 anos o Brasil terá que dar conta de uma série de reformas em políticas de educação, saúde, seguridade social e trabalho para se adequar às mudanças em curso na sociedade. O alerta é do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, que na quinta-feira (3) ministrou palestra no Programa de Estudos Avançados para Líderes Públicos, em Foz do Iguaçu (PR).
Falando a uma plateia constituída principalmente por prefeitos, vereadores e dirigentes de órgãos estatais, Pochmann ressaltou que a tarefa de promover mudanças profundas nas políticas que citou é de todos os cidadãos, mas, pela responsabilidade que carregam em suas funções, deve ser liderada pelos gestores públicos. “Até 2030 ainda temos tempo, mas temos que fazer. Do contrário, como dizia Celso Furtado (economista morto em 2004), continuaremos a ser o país das oportunidades perdidas”, disse o presidente do Ipea.
Pochmann apresentou indicadores demográficos e sociais que projetam para 2030 um Brasil bastante diferente do País em que os quais os atuais sistemas e políticas públicas foram formatados.
A população será maior, em torno de 207 milhões de habitantes, porém menor que os 240 milhões previstos décadas atrás; o número de brasileiros com mais de 80 anos chegará a 20 milhões. A partir de 2030, em vez de aumentar, a população diminuirá – para 205 milhões de pessoas em 2040.
A sociedade pós-industrial – marcada pelo advento e expansão de novas tecnologias, pela importância cada vez maior do conhecimento (e um conhecimento não segmentado, mas sim multidisciplinar) – tem novos valores culturais, mais consumistas, individualistas. Isso terá de mudar também, na avaliação de Pochmann. “Esse modelo é insustentável. As desigualdades e as exclusões se acentuam”.
Novas políticas educacionais e redução da jornada de trabalho – o presidente do Ipea propõe uma diminuição para 12 horas semanais – fazem-se urgentes para dar condições iguais a todos de acesso, obtenção e continuidade do conhecimento.
“Um jovem pobre hoje não é um jovem que estuda e trabalha. É um jovem que trabalha e estuda e entra muito cedo no mercado de trabalho. É impossível um jovem trabalhar oito horas por dia, frequenttar a escola outras quatro e ter tempo para ler”, disse Pochmann. “Por outro lado, entre os ricos já é comum o jovem se formar, se pós-graduar, estudar um tempo no exterior e começar a trabalhar com 25 anos de idade. Vejam aí a diferença de oportunidades, o que só expande as desigualdades”, observou.
A informação é da Agência de Notícias do Estado do Paraná
Portal Vermelho
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