Jaldes Meneses
A pauta é espantosamente radical: violência política, questão militar, prisão de ex-presidente, etc. Definitivamente, o Brasil entrou em um cone escuro. Por isso, mais que nunca, é preciso direção política. Nem sempre uma direção política correta gabarita vitórias, mas uma direção política errada é certeza de derrota antecipada.
Carmem Lúcia obteve ontem uma indiscutível vitória com a rejeição do habeas corpus de Lula. Para tanto, contou com o apoio da Rede Globo e até, como falou Celso de Melo, no ponto mais alto da sessão de ontem do Supremo, do concurso de nossa tradição “pretoriana”. São inimigos poderosos de inegável força material.
Não se perdeu a guerra, embora se tenha perdido uma batalha importante. A indiscutível vitória de ontem do bloco golpista ainda é temporária, embora não se saiba por quanto tempo. Mais cedo ou mais tarde, a questão da execução da pena em segunda instância retornará ao plenário do STF, quando da votação do mérito das ADCs.
Não se trata de "ilusão institucionalista”, mas de tática. Sem abandonar, até radicalizando a narrativa do golpe continuado, as mobilizações em defesa de Lula nos próximos dias, ao lado de ações de desobediência civil espontâneas e dirigidas, que certamente acontecerão, vão precisar de uma consigna agregadora. A consigna agregadora de Martin Luther King eram os direitos civis. A nossa é a votação das ADCs e a defesa das liberdades civis e dos direitos individuais ameaçados, da qual Lula é a vitima da hora, mas todos os brasileiros são alvos potenciais.
ADC : Ação Declaratória de Constitucionalidade.
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