terça-feira, 18 de abril de 2017

" Política sem conciliação de classes”.

Radicalização é a arma da direita, não a do interesse popular

Fernando Brito 

Vejo pipocarem, aqui e ali, artigos de companheiros da esquerda que pregam que, “agora, temos de fazer uma política sem conciliação de classes”.

Perdão, mas ouço esta história desde o movimento estudantil e nunca vi sair dela qualquer avanço para o nosso povão.

Todas as vezes que, na história, conseguimos caminhar em direção ao desenvolvimento e à justiça social foi, ao contrário, quando conseguiu-se estabelecer um pacto, verdade que informal e avalizado pela figura de um governante com propósitos firmes, visão de Estado e de Nação.


Foi assim com Getúlio Vargas, como foi assim com Lula.


O fato de o primeiro ter tido um fim trágico só confirma que era um personagem incomum, que usou a própria vida para impedir o golpe e continuar o nacional-desenvolvimentismo por outros meios, com o governo JK, que aliás seguiu em sua política conciliatória, já agora com a inversão da divisão de forças, que passou a pender mais para o lado empresarial.



A deposição de João Goulart e de Dilma Rousseff resultaram do fato de que ambos, cada um em sua época e com suas circunstâncias, não souberam ou puderam manter os pactos de seus antecessores.



Nossa bandeira primeira e mais importante é a manutenção das liberdades e do voto popular, contra a evidente onda autoritária que se ergue e os ameaça.



Luís Costa Pinto, com sua habitual lucidez, publica hoje no Poder360 o que poderia ser um “programa mínimo”, necessário e indispensável a estes tempos:



“Não há saída fora da política. Necessário agarrar-se a isso de forma inarredável.



Todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido. Logo, eleições regulares. No calendário, as próximas eleições devem ocorrer em outubro de 2018. É recomendável mantê-las no horizonte –ou antecipá-las.



Todos aqueles que estiverem em condições de se candidatar podem e devem competir. O resultado eleitoral tem de ser respeitado. Depois das eleições assegura-se à minoria derrotada seus direitos, posto que estes são premissas do Estado democrático. Mas conceder-se-á à maioria condições de governabilidade.



Pronunciar alto e bom som, com todas as letras, a última premissa não é chover no molhado. Chegamos até aqui porque o veredito das urnas de 2014 foi desrespeitado.”



O resto é wishful thinking, ou “borzeguins ao leito”, como dizia a minha avó. Vá vivemos os “não são só 20 centavos”, o “padrão fifa”, as blackblocagens e vimos quem saiu vencedor destas histórias.



Sonhar com uma radicalização do processo democrático, numa hora em que a democracia, (mesmo formal) ameaça não parar de pé, é levar água ao moinho do autoritarismo. É ele, no Brasil quem se veste de “pureza absoluta”, de intransigência, de “verdades absolutas”.



Como este blog já pontuou, não sou udenista. Nem creio em “udenismo de esquerda”.


Tijolaço


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