domingo, 13 de dezembro de 2015
Os mais de 300 picaretas: artimanhas, negócios escusos e contravenções.
José Carlos Peliano
O Congresso acabou virando um amontoado de gente com interesses nada explícitos e muitas vezes os mais escusos.
Se eram 300 picaretas com ou sem anel de doutor, de acordo com o ex-presidente Lula e os Paralamas, hoje com certeza são uma parcela bem maior, seja pela composição de parlamentares ser considerada a pior da Câmara desde sempre, seja porque seu atual presidente ter se mostrado abaixo da dignidade, importância e representatividade do cargo.
Grandes nomes do passado recente se ausentaram da vida pública por uma razão ou por outra e o plenário da Casa acabou virando um amontoado de gente com interesses nada explícitos e muitas vezes os mais escusos. Ali é o exemplo típico da individualização dos pleitos de toda a sociedade. Socializa-se somente o que sobra das negociações, resguardados os interesses próprios.
Como as negociações são filtradas, em geral, pelos contatos com os grupos sociais mais fortes e predominantes, entre eles empresários, banqueiros, latifundiários e os próprios partidos políticos, enquanto a maioria dos parlamentares está cooptada e nas mãos do presidente, os resultados das votações são os esperados: mais para eles e menos para os milhões de eleitores sem aquelas credenciais.
Mas há a outra face da moeda, alguns picaretas do Senado Federal, todos do mesmo time, dos mesmos interesses e negociatas, ainda que divergentes taticamente, mas na mesma estratégia de se manterem de qualquer jeito no poder, pelo poder e para o poder. Democracia torpe, às avessas.
Não é por acaso, salvo as honrosas exceções, porque elas existem sim, que os dois maiores partidos de oposição, parcela de um hoje nas mãos do presidente da Câmara e do vice-presidente da República e o outro inteiro sob o comando de velhos reacionários, são o PMDB (Partido da maquiavélica democracia brasileira) e o PSDB (Partido sem a democracia brasileira).
Enquanto o primeiro grupo se aproveita enquanto pode do poder constituído, salvo armações eventuais de golpes, como agora, desde a retirada de cena do inesquecível democrata brasileiro Ulisses Guimarães, de saudosa memória, o segundo grupo se esfarelou ao longo dos anos ansioso por voltar ao poder a qualquer custo, incluindo tentativas atuais de golpe.
Há mais, no entanto, que se juntam a esses dois grupos oportunistas de ocasião. Partidos pequenos aprovados de raspão em suas listas de assinaturas para serem reconhecidos como tais, inúmeros deles apenas de aluguel, seguem o rumo do momento a quem melhor lhes acolhe em interesses, financiamentos e luzes da ribalta. Qualquer holofote é lucro.
Pois a tardia, frágil e adolescente democracia brasileira está atualmente nas mãos desses grupos. Articulam-se em seus gabinetes, financiados por nós todos com nossos impostos, para derrubar a presidenta eleita democraticamente pela maioria, composta por nós mesmos que a elegemos e pagamos nossos impostos.
Articulação se dá mesmo que às custas de coisa alguma desde que alguma coisa seja inventada e urdida nos bastidores para ser divulgada escancaradamente pela velha mídia golpista como uma bomba. Falsa bomba, seja de ilegalidade, corrupção ou assemelhados.
O pior é que o espírito de civilidade, cidadania, legalidade, democracia e representatividade passou longe desses grupos. A mídia social já publicou várias informações sobre muitos de seus representantes com folhas corridas repletas de indícios e acusações formais de malfeitos, para dizer o mínimo.
Desses dias em diante um período intenso de luta política será travado entre esses grupos e os defensores da democracia legítima. As ruas estarão deste lado para apoiar o regime democrático de direito, ainda que a justiça ainda não tenha feito a devida justiça. Próceres da oposição estão citados em vários processos por interveniência em negócios escusos de corrupção e a justiça permanece cega.
Esperamos todos nós brasileiros de caráter que, ao final, esses grupos sejam derrotados e subjugados em suas mesquinhas artimanhas e contravenções. Pois além de tumultuarem o quadro político nacional, fizeram com que a economia fosse afetada por expectativas pessimistas e destrutivas.
Ou a legalidade e a justiça, ainda que conquistada e saída do clamor das ruas, ou a vergonha na falta de confiança dos poderes constituídos, na desordem institucional e na balbúrdia política generalizada.
Depois de um sem número de investidas e expedientes escusos usados para tentar tornar o impedimento da presidenta uma realidade, sobrou o parecer de um ex-petista, bicudo como os tucanos. Apequenou-se política e ideologicamente por ter perdido um provável cargo internacional, como ele mesmo afirmou em um dos jornalões oposicionistas.
Será usado para ser votado contra ou a favor sua admissibilidade como peça acusatória. Uma mesquinharia e baixeza por outra do mesmo calibre. O chefe dos picaretas aceitou o pedido de impedimento após os petistas do conselho de ética declararem seus votos contra ele. Assim, o ofendido petista fornece gás para o ofendido chefe se vingar dos alvos comuns, o PT e a presidenta.
Sinal que a justiça pode ser feita também de acordo com a direção do vento. De acordo com os acordos espúrios que rolam nos bastidores do Congresso Nacional. Longe do povo e dos eleitores que puseram lá seus representantes.
A terrível ironia de tudo isso é o baixo nível da política nacional que, sem o mínimo de credibilidade, ameaça com golpe estilo paraguaio a presidenta eleita, além de destruir as bases incipientes de nossa democracia.
Assim, o relator das contas do governo no TCU é um dos investigados na Operação Zelotes. O presidente do TCU é citado junto com o filho na Lava Jato. Os dois suspeitos de terem praticado tráfico de influência. O presidente da Câmara com ações protocoladas como réu no STF, além de processo no Conselho de Ética da Câmara por ferir o decoro parlamentar ao mentir e esconder milhões de dólares depositados no exterior.
Por seu turno, o presidente do PSDB provoca ao inventar e alimentar tempestades em copo d`água desde o dia que foi preterido na eleição presidencial. Ele e seu grupo de raivosos empedernidos. Permanecendo à sombra, mas também ativo atuante golpista, o ex-presidente FHC. A trama de golpe se espalha por seus apoiadores em várias instituições e instâncias do país.
Só que a maioria dos eleitores que foram às urnas continuam com a presidenta e não compactua com golpes e desrespeito à cidadania do voto. Nos próximos dias as ruas nos esperam para ajudar a derrubar os sem lei, sem justiça e sem alma.
Carta Maior
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