Wadih Damous: Há uma série de irregularidade nas ações da Lava Jato
Para presidente da Comissão da Verdade do Rio, país vive cenário fascistizante
Wadih Damous, presidente da Comissão da Verdade do Rio e da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB, criticou duramente o andamento das ações da Operação Lava Jato, e alertou para um cenário fascistizante no país, durante lançamento do manifesto da Aliança pelo Brasil nesta semana. Para ele, a forma como os processos estão sendo conduzidos faz supor que há um objetivo não anunciado, além da "suposto combate à corrupção", que seria um ajuste de contas político-partidário. "Isto só tem um nome, golpe", disparou. Citando o jurista Dalmo Dallari, lembrou que "pior que a ditadura fardada é a ditadura togada".
Nova correlação de forças exclui o povo, diz ex-ministro
"O que nós estamos acompanhando no país hoje é um recrudescimento de ações verdadeiramente fascistas que acabam sendo de forma irresponsável incentivadas e exacerbadas por manchetes de jornais. Estamos vendo uma greve de caminhoneiros parando o abastecimento da população brasileira. Nós vamos chegar onde, ao Chile, da greve dos caminhoneiros que contribuiu para a queda de (Salvador) Allende? É isto que estão querendo chegar aqui neste país?", questionou Damous, lembrando ainda do episódio em que, nesta semana, o ex-ministro Guido Mantega foi escorraçado de hospital onde estava com sua esposa para um tratamento de câncer, "à luz desse cenário fascistizante". Uma entusiasta da Marcha da Família com Deus chegou a confirmar em redes sociais a hostilidade, de sua parte também, com o ex-ministro.
Damous destacou que vê algumas atitudes antinacionais em relação à condução do processo envolvendo a Petrobras. Ele apontou que existe uma série de irregularidades, a começar pelas prisões, que seriam desnecessárias, assim como também não há necessidade de manter aquelas pessoas presas. As pessoas estão sendo presas primeiro, para depois delações premiadas serem negociadas, mas o processo deveria requerer provas licitamente obtidas, para a partir daí o juiz tomar uma decisão. "Essas pessoas, que são grandes executivos, podem estar envolvidos em desvios? Podem. Mas o processo penal requer provas."
Destacou ainda que o habeas corpus proposto perante o Supremo Tribunal Federal, com o relator e ministro Sr. Teori Zavascki há mais de um mês, não foi sequer apreciado. "Eu não quero acreditar que o ministro Zavascki esteja com medo da chamada opinião pública, porque isto hoje mete medo em todo mundo", disse.
"O condutor deste processo (da Operação Lava Jato) e os jovens procuradores da República que estão instaurando as ações penais são muito bem preparados, passaram num concurso muito difícil, mas são completamente irresponsáveis, não sabem com o que estão brincando. Estão manejando noções jurídicas ao arrepio de tudo aquilo que nós aprendemos nos bancos da faculdade de direito", destaca Damous.
O processo da forma que está sendo conduzindo, com o "suposto" objetivo de limpar o país e combater a corrupção, faz supor que há um objetivo não anunciado, que seria um ajuste de político-partidário, um golpe para desestabilizar o país e o governo, acredita Damous. A situação fica ainda mais grave, considerando que o "golpe" estaria sendo praticado por órgãos estabelecidos legalmente, com aparência de legalidade.
"Dalmo Dallari disse, tempo atrás, que 'pior que a ditadura fardada é a ditadura togada'. Não podemos aceitar. Nós que combatemos a ditadura fardada, não podemos aceitar a ditadura de toga ou ditadura seja lá do que for", completou.
Jornal do Brasil
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