sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Criança e consumo: uma relação delicada



Curso debate mercantilização da infância através da publicidade

Camila Queiroz

Teve início hoje (5) o curso Criança e consumo: uma relação delicada, promovido pelo Centro de Pensamento Contemporâneo do Rio de Janeiro (POP), Brasil. As aulas ocorrerão às segundas-feiras, até o dia 26, em dois horários – das 11h às 13h e das 19h30 às 21h30, na cidade do Rio de Janeiro.

Como eixos temáticos, o curso propõe debater a mercantilização da infância, tomando por base uma realidade em que peças publicitárias se dirigem cada vez mais a esse público. A partir do debate, a intenção é pensar estratégias para combater abusos contra as crianças e adolescentes.

Lais Fontenelle, coordenadora de Educação e Pesquisa do Projeto Criança e Consumo, da ONG Instituto Alana, abriu o curso com o tema Impactos, consequências e o papel da educação nessa relação. A psicóloga explica que a relação criança e consumo é delicada porque a criança, como interlocutor das peças publicitárias, "não está preparada para entender toda a relação, ela é um ser em formação, então não distingue os apelos que a publicidade faz”.

Com relação ao que pode ser feito para educá-las para a publicidade, Lais aposta em muito diálogo. "Os pais têm que conversar muito com as crianças, explicar o que é publicidade e os desejos que incute na criança; é importante que elas entendam o ciclo do consumo, que tem impacto no meio ambiente”, afirma.

A ideia do diálogo vale, por exemplo, para combinar atitudes durante um passeio. "Se os pais forem com as crianças para um programa que envolva consumo, é preciso conversar antes, explicar que vão passar por lojas, que vai dar vontade de consumir, mas que eles não vão comprar nada”, pontua.

Por outro lado, se esses acordos forem feitos, não podem ser descumpridos pelos pais, que têm de mostrar na prática o seu discurso. "O principal aqui é não ter o duplo discurso. O pai não pode dizer à criança para não ser consumista e chegar numa loja comprando tudo”, enfatiza.

Na escola, uma boa pedida seria incluir o tema de forma transversal. Investir em momentos como leituras críticas e rodas de conversa também é indicado.

Outra opção, apoiada pelo Instituto Alana, é a proibição da publicidade para crianças até 12 anos e restrições à publicidade para adolescentes, proposta contida no projeto de lei 5921/01.

De acordo com Lais, o consumo exagerado pode gerar, nas crianças e adolescentes, impactos negativos como hábitos alimentares ruins, erotização precoce e diminuição nas brincadeiras criativas, importantes para o desenvolvimento cognitivo.

Próximos temas

No dia 12, Regina de Assis, doutora em Educação, abordará a relação das crianças e adolescentes com a mídia e o consumo na contemporaneidade.

Na semana seguinte, terá destaque a cultura do consumo do não necessário – Ideias de sucesso e felicidade relacionadas ao consumo. Consumismo infantil e seus impactos na sustentabilidade ambiental, com o jornalista André Trigueiro.
Para fechar o curso, a doutora em Educação Solange Jobim e Souza abordará Criança, consumo e cidadania: uma equação possível?

O Pólo de Pensamento Contemporâneo fica na Rua Conde Afonso Celso, 103 – Jardim Botânico, cidade do Rio de Janeiro. Mais informações pelo telefone (21) 2286-3299 ou no 



Adital

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