Sessenta e cinco municípios da Paraíba sofrem com o déficit de recurso hídrico e precisam de um novo manancial para ter abastecimento de água. Outras 67 cidades têm que ampliar o sistema até 2015. Caso contrário, ficarão sem acesso ao recurso hídrico. A constatação é de uma pesquisa feita pela Agência Nacional de Águas (ANA), que traçou um diagnóstico das condições hídricas do Estado.
O estudo, chamado de Atlas de Abastecimento Urbano de Água, verificou a situação dos mananciais e dos sistemas produtores de água da Paraíba e comprovou que, dos 223 municípios do Estado, apenas 81 possuem abastecimento considerado satisfatório. No entanto, 78 deles, ou seja, a maior parte, são cidades pequenas que possuem menos de 50 mil habitantes. Apenas uma tem mais de 250 mil moradores.
Para o presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas) do Nordeste, Waldir Duarte Costa Filho, a situação é considerada preocupante. Ele conta que a Paraíba, a exemplo do resto do Nordeste, possui formação geológica que favorece a seca. “No Nordeste, 80% do território são formados por rochas cristalinas, onde não há água e apenas 20% são de estruturas sedimentares, que contêm os depósitos de água subterrâneos e que são vulneráveis a contaminação”, detalha.
O presidente da Abas afirmou que os depósitos de água subterrâneos da Paraíba estão ameaçados de poluição por acúmulo de lixo, postos de combustíveis e esgotos sem tratamento.
Mesmo sem citar número, Waldir Costa declarou que o Estado está sujeito a sofrer as mesmas contaminações que já interferiram em outras localidades do Nordeste.
“Em Fortaleza, 80% dos mananciais subterrâneos estão poluídos por esgoto. Em Natal, ocorre a mesma coisa. Na Paraíba, para definirmos um percentual, seria preciso fazer estudos, mas o Estado também está vulnerável a essa poluição”, ressalta.
Lixo
O lixo é um dos principais responsáveis pela contaminação dos mananciais de água subterrâneos da Paraíba. O engenheiro sanitarista Edmilson Fonseca explica que a poluição dos recursos hídricos não é apenas um problema ambiental, mas também de saúde pública. Ele explica que, dependendo do material lançado na natureza, podem surgir doenças intestinais e até problemas no sistema nervoso.
Autuações
A Semam autuou este ano diversas empresas privadas e órgãos públicos da capital por danos ao meio ambiente. Entre as autuadas, está a Cagepa, apontada por despejar esgoto sem tratamento nos rios Cabelo, que nasce em Mangabeira e deságua na Praia da Penha, e Jaguaribe, que nasce no bairro de mesmo nome.
Em Mangabeira, por exemplo, a Semam já flagrou, por diversas vezes, esgoto in natura sendo despejado no rio Cabelo. No local, existe uma estação da Cagepa que deveria realizar o tratamento dos dejetos antes deles serem lançados no rio. No entanto, quando o maquinário quebra ou para de funcionar por falta de energia, os esgotos são despejados sem nenhum tipo de tratamento no rio Cabelo. “O esgoto atinge a nascente do rio. A poluição começa na área próxima ao hospital de Mangabeira, passa pela estação hípica e chega até a Praia da Penha”, diz a chefe da Divisão de Fiscalização da Semam, Socorro Menezes.
Ações estão sendo movidas na Justiça também pela Promotoria do Meio Ambiente.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou entrar em contato com a Cagepa para comentar o assunto, mas o responsável pela assessoria de imprensa não atendeu aos chamados pelo celular e não retornou as ligações.
Jornal da Paraíba
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