“Quando me encontro no calor da luta
Ostento aguda a empunhadura à proa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais do que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa.”
Não tenho, assim, dúvida alguma. Foi legítima defesa. O que
me assombra é que a tragédia do crime, do qual resultou um jovem morto, jamais
poderia ser comemorada.
Ele era tão brasileiro quanto qualquer um de nós,
pagava os mesmos escorchantes e injustos impostos indiretos, não tinha um gato
para puxar pelo rabo e teve interrompida sua existência, porque tomou uma
decisão estúpida. O que existe a ser comemorado?
Quando comemoramos a morte matada de alguém anônimo é porque
nos esgarçamos e falimos enquanto sociedade: ele tinha mãe, que o enterrou e
chorou em seu túmulo e um ou dois Zés que sentirão sua falta.
É o bastante para sentir essa náusea que sinto agora.
Roberto Tardelli é Advogado e Procurador de Justiça
Aposentado.
Justificando
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