sábado, 19 de maio de 2018

Legítima defesa, sim! Mas o que temos a comemorar?


 

“Quando me encontro no calor da luta
Ostento aguda a empunhadura à proa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais do que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa.”


Não tenho, assim, dúvida alguma. Foi legítima defesa. O que me assombra é que a tragédia do crime, do qual resultou um jovem morto, jamais poderia ser comemorada. 


Ele era tão brasileiro quanto qualquer um de nós, pagava os mesmos escorchantes e injustos impostos indiretos, não tinha um gato para puxar pelo rabo e teve interrompida sua existência, porque tomou uma decisão estúpida. O que existe a ser comemorado?

Quando comemoramos a morte matada de alguém anônimo é porque nos esgarçamos e falimos enquanto sociedade: ele tinha mãe, que o enterrou e chorou em seu túmulo e um ou dois Zés que sentirão sua falta.

É o bastante para sentir essa náusea que sinto agora.

Roberto Tardelli é Advogado e Procurador de Justiça Aposentado.

Justificando



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