Com direito a manchete ("ANJ critica proposta de controle da mídia no CE") e chamada no alto da 1ª página no Estadão de hoje, a Associação Nacional de Jornais (ANJ), através de um de seus diretores, Ricardo Pedreira, extravasa toda a sua ira contra a aprovação pela Assembléia Legislativa do Ceará de lei que institui o Conselho Estadual de Controle da Mídia.
O projeto ainda tem de ser sancionado pelo governador reeleito Cid Gomes (PSB), mas Pedreira falando em nome da velha, tradicional e conhecida entidade já sai a campo considerando-o "obscurantista" e "autoritário". Segundo o dirigente da ANJ, "quem deve controlar os veículos de comunicação deve ser a audiência. Não cabe a nenhum órgão do Estado exercer esse papel".
No Brasil, nenhum tipo de acompanhamento da mídia por parte de lei, governo, Estado, como ocorre em qualquer país civilizado e democrático do mundo? Tem que continuar essa terra de ninguém para que os barões da mídia prossigam com a manipulação a seu bel prazer dos monopólios da comunicação e da informação que detêm hoje? Temos que continuar com os grandes veículos (jornais, revistas TVs e emissoras de rádio) nas mãos de meia dúzia de famílias?
Reacionários só se enfurecem quando atingido é um deles
É isto que querem a ANJ e suas similares. A propósito, faz uma semana já que a pedido da coligação partidária do candidato a presidente José Serra (PSDB-DEM-PPS), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a busca e apreensão do Jornal da CUT e da Revista do Brasil. A medida foi sob o pretexto de que traziam em suas capas e noticiário das mais recentes edições fotos e apoio à candidata Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados).
Todos os outros veículos de comunicação podem, já os que têm algum tipo de vínculo com sindicatos e centrais de trabalhadores não? Onde está escrito que não podem? Na prática, o que houve contra as duas publicações é censura política pura.
Há uma semana, desde a decisão da Corte Eleitoral, aguardo o tradicional carnaval que a ANJ, a Sociedade Intermamericana de Imprensa (SIP), a Associação Brasileira das Empresas de Rádio e TV (ABERT) e as outras entidades do gênero invariavelmente fazem em situações similares sob o manto (vasto para elas) da censura à imprensa que veem em cada canto. Desde que o atingido por medida idêntica seja um deles.
Até agora, sobre a censura ao Jornal da CUT e a Revista do Brasil, da parte destas entidades, nenhuma palavra. É o tradicional dois pesos e duas medidas da direita reacionária que comanda a nossa mídia e suas entidades.
Blog do Dirceu
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