quarta-feira, 9 de março de 2016

A Direita é Barra Pesada




Cris Faustino

Não vou entrar nesse ‘papo’ de que toda a investida da direita se resume a uma perseguição aos heróis do povo. Mas não é preciso ser lulista, nem petista ou governista, nem mesmo ter inteligência notável para entender que a ordem do juiz Moro contra Lula foi parte da produção de um espetáculo político e midiático, sincronizado, da direita no seu afã de tomar a ‘cabeça’ de um poder que nunca perdeu totalmente, mas que se estremeceu com os poucos e contraditórios avanços econômicos e políticos no Brasil e na América Latina.

Retomar o poder politico e econômico conquistado pelo Partido dos Trabalhadores e as chamadas ‘bases’ que o legitimaram ou legitimam é para a direita uma questão de honra, ainda que para isso, aja na mais explícita desonra. A meta não é só realizar o desejo de um play boy ressentido com a perda nas urnas em 2014. Esse desejo é também de uma parcela de políticos e mídia bandidos, simbolizando e mobilizando os fascistas antiquados, os velhos atores da ditadura, os modernos capitalistas viabilizados por velhas práticas oligárquicas, os fariseus repaginados em lideranças fundamentalistas, intelectuais desinformados e de duvidosa capacidade cognitiva, e daqueles ridicularmente dispostos à babaquice.

Com todas as críticas que podemos fazer aos governos do PT, o antipetismo é inexplicável do ponto de vista da inteligência política mínima. Nada mais repetitivo, do ponto histórico, do que a criação de um inimigo público. Mas demonstra que a direita é barra pesada e violenta, hipócrita, capaz de defender cinicamente o moralismo, atuando sob condutas imorais. A direita não se importa com a licitude, não se importa com as consequências sociais de seus enriquecimentos ilícitos. Aliás, a direita conta com as mazelas sociais para se manter dominante, por isso convive harmonicamente com a corrupção. Na verdade a corrupção e o golpismo são sua metodologia.

A direita quer muita coisa: a Petrobras, o Pré-Sal, o Banco Central, o fim das conquistas trabalhistas, da mobilidade social dos pobres, das conquistas sociais, a população negra exterminada ou na condição absoluta de precariedade e servidão. Sua parte pervertida ‘ora’ e mobiliza fieis para oprimir e violentar a população LGBT e manter as mulheres ‘submissas’ sexuais e domésticas. A direita quer o fim das conquistas constitucionais dos povos indígenas e quilombolas, quer a submissão da população camponesa, quer segregação racializada das cidades, quer dominar os mercados de armas e drogas. E mais, ela odeia a inteligência política: quer violentar e amordaçar os movimentos sociais. A reação à direita precisa está à altura desses quereres!

As esquerdas que chegaram ao poder e que muitas vezes se aliaram e se aliam com a direita, não podiam ter dado ‘pano pras mangas’, não deviam ter esquecido que a direita é podre: escravagista, racista, patriarcal, elitista e traiçoeira, que ela não tem limites e tem força sob o tecido social dominado por suas origens coloniais.

O bom é que em sua arrogância-mor, a direita se atrapalha, se precipita, subestima o povo, e seus aliados não são lá muito confiáveis.

A ordem de um juiz direitista e conservador, sincronizada com uma mídia fascista, legitima e recrudesce a manipulação baseada em meias verdades, transforma mentiras em verdades, elabora imagens toscas em favor de seu discurso. Mas, cristaliza algumas certezas básicas: é preciso destruir a Rede Globo e democratizar a comunicação; ‘desencastelar’ o poder judiciário, constranger os hipócritas, e ir para cima da direita com força, ‘incendiando’ todas as possibilidades dos sujeitos de lutas sociais.

E para o Partido dos Trabalhadores, sua militância e aliados, o recado é: indigne-se o suficiente para não ter nenhum porquê de ser conivente com a direita. Para os ‘capas’ dos partidos de esquerda, observem: ‘vocês estão sendo filmados’. 




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