terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O barco e a farofa de Lula



Fernando Castilho
 
Esperava-se que Lula tivesse se tornado um homem refinado, que tivesse trocado a cachacinha por uísque 21 anos e sua esposa, Marisa Letícia, a sacola da 25 de março por uma bolsa Prada.

Sempre houve dúvidas com relação ao padrão de vida levado por Lula e sua esposa.

Afinal, o Lula metalúrgico todo mundo sabe que vivia de acordo com o que sua classe de proletário poderia lhe proporcionar.



A origem de retirante nordestino, de família numerosa, impôs-lhe o padrão típico dos que procuravam trabalhar em uma fábrica, usufruir de uma vida simples e lutar para melhorar.

A partir do momento em que Lula se elegeu deputado em 1986 com consequente aumento de renda, tornou-se difícil conhecer acerca da mudança de hábitos que o maior poder aquisitivo poderia proporcionar à sua família.

Sabe-se, porém que ele conseguiu comprar um apartamento de classe média em São Bernardo do Campo, seu reduto eleitoral, sendo muito criticado pela imprensa na época, como se vivêssemos num país como a Índia cuja sociedade, organizada por castas, impede a mobilidade social das pessoas. Lula, segundo a mídia preconceituosa, deveria continuar a viver humildemente.

Após dois anos na presidência da República, era de se esperar que com o soldo somado à sua aposentadoria pela Lei da Anistia, Lula passasse a construir um patrimônio como todo presidente faria.

Após sua saída, com a criação do Instituto Lula, o ex-presidente passou a dar palestras no Brasil e no mundo, sendo bem pago por isso.

Embora continue a ter trânsito entre os movimentos sociais e o povo mais pobre do país, agora Lula também se encontra com líderes mundiais, empresários milionários, reis e doutores. Torna-se por várias vezes ele próprio doutor honoris causa em várias universidades brasileiras e estrangeiras.

Ou seja, espera-se que Lula tenha se tornado agora um homem refinado que tenha trocado a cachacinha por uísque 21 anos e sua esposa, Marisa Letícia uma madame com bolsa Prada.

Mas a fofoca contada pela Folha de São Paulo acerca do barco comprado por Marisa para Lula pescar em fins de semana no sítio de amigos e de seu filho, sem querer revela algo muito interessante.

1) O barco de alumínio sem motor, ao preço de 4100 reais é dos mais modestos do mercado. Dona Marisa poderia ter comprado uma lancha ou algo mais luxuoso, talvez 10 vezes mais caro. Dinheiro há para isso.

2) Lula, como aquele nordestino de décadas atrás ainda prefere num final de semana pegar seu barquinho com a esposa, pescar uns lambaris, fazer um churrasquinho e tomar umas cervejas. Fosse um FHC, ele estaria na Côte d'azur em um barco bem mais luxuoso, usufruindo de serviço de hotel com todas as mordomias e fotografado pela Caras.

3) Além disso, a foto da capa de O Globo de janeiro de 2010, mostra Lula carregando uma caixa de isopor com dona Marisa a lhe seguir em sandálias havaianas. A manchete ainda meio que zomba um pouco dele ao chamá-lo de farofeiro, coisa de pobre, afinal. Essa capa, por si só é por demais reveladora da simplicidade do homem.
Agora a mídia fica num beco sem saída.
Se Lula fosse flagrado ostentando hábitos luxuosos e extravagantes, seria criticado por, sendo socialista, trair o povo que o elege. Colunistas iriam chamá-lo de socialista caviar.


Como Lula foi pego de surpresa mostrando de maneira sincera que continua a ser o mesmo homem com hábitos simples dos tempos em que era pobre, não é possível acusá-lo de populista ou hipócrita, mas sim de verdadeiro.
 
E isso não vão fazer.
 
Para mim fica a grata satisfação dessa revelação.
 
Lula não é um Pepe Mujica mas não esqueceu sua origem.
 
Por isso confio em Lula.

 


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