Figurões se aproveitam de programa de combate à seca destinado a carentes
Helder Moura
Pode até não ser ilegal, mas não deixa de levantar suspeitas o fato de figurões estarem se prevalecendo de programas públicos que, em princípio, são destinados a produtores carentes no enfrentamento aos efeitos da seca. Pois, denúncia que vem de Patos (portal Patos Online), revela que figurões estão se aproveitando do programa de distribuição de farelo de milho para abastecer seus rebanhos.
Alguns nomes chamam a atenção, como o secretário Efraim Morais (Infraestrutura), o vice-prefeito de Patos, Lenildo Dias de Morais, ou Petrônio Souto Gouveia, que vem a ser diretor da Vigilância Sanitária em Patos. Eles constam da planilha de distribuição da razão pela Conab, e os dados estão disponíveis no Portal da Transparência para qualquer cidadão (especialmente os mais carentes) averiguar.
Vários pequenos produtores que não tiveram acesso a esse primeiro lote de 70 toneladas de milho chegaram a reunir documentos para levar a denúncia ao Ministério Público Federal, uma vez os recursos são federais. Além do mais, argumentam os produtores, esse produto deveria ser comercializado basicamente com “os produtores carentes, que tem dificuldades de manter seus rebanhos, esses senhores abastados não precisam disso, eles tem como alimentar seus rebanhos, porque são ricos”.
Segundo a denúncia do portal, a “Conab vem atuando desde o ano passado com um atendimento bastante concorrido pelos criadores. São filas enormes, são inúmeras idas e vindas para poder ser atendido e já foram realizadas várias modificações na forma de atendimentos para se buscar uma que melhor se enquadre para evitar contratempos, porém devido aos apadrinhamentos, muitos dos pequenos criadores estão ficando sem receber a cota pela qual tem direito e pagam por isso”.
Diz ainda: “O pequeno criador ficava ciente do dia de comprar o milho e na data agendado previamente esse estava na Conab. Acontece que devido os apadrinhamentos, o milho faltava, pois já havia sido entregue a outro que estava fora da listagem do calendário.”
A arremata: “Um dos exemplos que podem ilustrar o fato é o do Município de Santa Terezinha – PB. Os criadores tiveram a data agendada para o dia 12 de janeiro e depois para o dia 24. Ao chegar o produto, nesse caso o milho no dia 28, esse já havia acabado, pois foram atendidos os municípios agendados para aquela data e os agricultores de Santa Terezinha ficaram sem o produto. Mais de 70 toneladas já haviam sido distribuídas sem obedecer ao calendário e sendo vendidos para os privilegiados.”
Jornal da Paraíba
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