A reputação do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos permite que ele faça uma comparação sempre arriscada. Para denunciar o projeto do golpismo, ele assegura: os que cassaram Dilma têm “um compromisso antinacional e reacionário muito mais violento que o dos militares em 1964”.
“É pior do que em 64”, diz Wanderley em entrevista a Marco Weissheimer, no site Sul21. Eu pego carona na comparação, sem a necessidade de alertar de que eu, assim como ele, não tenho a intenção de diminuir ou subestimar a memória de uma ditadura feroz.
Não estamos tratando das aberrações e crueldades da ditadura, mas de projetos. Hoje, a prevalência absoluta é do capital, que deu forma ao golpe. Os militares, diz o cientista, tinham pelo menos uma visão nacionalista.
São consolos. Faço então outra comparação possível sobre os quadros que ajudaram a viabilizar a ditadura, em contraponto aos coronéis do PMDB e do PSDB articulados agora pelo empresariado para derrubar Dilma.
Muito resumidamente, os militares tiveram a cumplicidade de nomes, em várias frentes, com o brilho de Simonsen, Bulhões, Delfim Netto, Magalhães Pinto, Roberto Campos, Golbery, Reis Velloso, Leitão de Abreu, Severo Gomes, Teotônio Vilela, Cirne Lima.
Este golpe tem Padilha, Geddel. Jucá, Juquinha, Janaína, Rodrigo Maia, Cesar Maia, Serra, Ronaldo Caiado, Zé Agripino, Pauderney, Bolsonaro, Henrique Meirelles, Aloysio Nunes, Aécio Neves…
A trama do agosto de 2016 conseguiu produzir o mais paupérrimo entorno de pré e pós-golpe de todos os tempos. Muitos deles desembarcaram agora no poder.
E, para que ninguém esqueça, enquanto o outro visita a China. quem está governando o Brasil hoje, no gerúndio mesmo, é Rodrigo Maia.
Não é para sentir saudade dos militares. É apenas para dizer que eles tinham quadros que a direita brasileira do século 21, articulada pelo pato da Fiesp, por PMDB, PSDB, PFL e seus cúmplices, nunca conseguirá reunir. A direita brasileira ficou medíocre.
Blog do Moises Mendes
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