segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Black-bloc

Cid Benjamin

Está voltando à cena o debate sobre as "táticas black-bloc" nas manifestações.

Líderes do movimento Fora Temer em São Paulo afirmaram claramente que dispensam a participação desses grupos em suas manifestações e não apoiam sua forma de agir.

Penso como eles.

Chamo a atenção para um fato: o que fazem os black-blocs e assemelhados não tem nada a ver com autodefesa de massas.

Esta última orienta e organiza os manifestantes para que se defendam, em conjunto de ataques da polícia. Muitas vezes esta é a atitude mais recomendável.

Era assim em 1968, quando toda a manifestação reagia, geralmente com pedras, às investidas da PM.

Não é o que fazem os BBs. Em geral, eles se comportam quase como que corpo estranho às manifestações, esperam seu fim e partem para a depredação de equipamentos públicos e privados.

Pensam que, ao quebrar sinais de trânsito e pontos de ônibus, equipamentos públicos, estão combatendo o Estado burguês.

E ao depredar agências bancárias, estão lutando contra o capitalismo...

Esse comportamento afasta uma parcela dos manifestantes e dá pretexto para uma violência ainda maior da polícia (e ela já não precisa muito de pretextos...)

Interessante é que alguns defensores dos BB afirmam, em sua defesa, que nem sempre são eles que promovem essas ações. Às vezes, sim, mas outras, não. Haveria, também, a presença de policiais infiltrados e provocadores.

Ora, quem diz isso - que é uma verdade - deve se dar conta de que seu próprio argumento seria uma boa razão para que repensassem a quem servem os BB.

Se, nas suas ações, eles se confundem com a P2 (o serviço secreto da PM), alguém está fazendo gol contra.

Ou os BBs servem à direita, ou a direita, ao se somar ao quebra-quebra, faz o jogo da esquerda.

Alguém está errado.

Acho que são os BBs.


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