Marcos Maivado Marinho
A mídia paraibana, que na verdade nunca foi lá essas coisas, nas eleições deste ano formou vergonhosamente um capítulo à parte na História.
Dói fazer esse registro, mas a condição de integrá-la me dá suporte e suficiente autoridade para tal.
Infelizmente, a maioria dos confrades se corrompeu, enlameou-se e nesse chafurdo irresponsável deixou de lado a parte mais importante: o leitor, o telespectador, o internauta, o ouvinte.
O problema é infinitamente maior do que imagina a ‘vã filosofia’ de quem dela não faz parte.
Os que acessam blog’s e portais, os que sintonizam rádios e televisões, os que leem jornais e revistas, nem imaginam o tamanho do lago podre que cerca essa ilha de fantasia onde jornalistas e pseudos homens de mídia se imaginam donos da verdade e portadores do poder de mudar o mundo e as pessoas.
É verdade que não é de agora essa sujeira.
Os registros mostram que a vergonha vem de longe, quiçá desde quando Gutenberg entrou na área.
Ou mais à frente, quando Chateaubriand - um paraibano, veja só! - ensinou na cadeia associada que os fins sujos justificariam os meios para crescer na atividade.
Ou lá mais adiante quando Adolf Bloch pregou cartaz na redação da ‘Manchete’ avisando aos seus repórteres que “a ética é o faturamento”.
Não foi por motivo torpe que Ricardo Coutinho, no seu primeiro discurso após a brilhante reeleição, carregou nas tintas sobre o lombo da mídia. O que se fez para derrotá-lo não esteve escrito nas estrelas...
A Paraíba inteirinha acompanhou o escárnio com o qual se portaram donos e empregados do Sistema Paraíba de Comunicação, por exemplo, em fulminantes ações para sepultar o trabalho do Governo e a candidatura do governador.
O ‘Jornal da Paraíba’ virou panfleto político.
A ‘CBN’, cujo slogan “a rádio que toca noticia” foi alterado pelo humor de Tião Lucena para “a que toca fuxicos”, transformou-se em palanque de meia tigela.
E as TV’s ‘Paraíba’ e ‘Cabo Branco’, mesmo garroteadas pelo tal padrão Globo de qualidade que lhes exige cumprimento de determinadas regras, não fez por menos quando a ordem era derrubar o esquema dominante.
Os filhos de José Carlos da Silva Júnior, o homem do café São Braz que fez fortuna às custas de misturar grão de café com grão de milho e vender o pó como alimento de primeira, foram irresponsavelmente servis ao extremo ao projeto de Cássio Cunha Lima, o prestativo e igualmente irresponsável amigo que no Governo lhes deu amparo inclusive em questões tributárias duvidosas, denunciadas escancaradamente por um multimídia mais do que irmão do senador, o rechonchudo e insuspeito Fabiano Gomes que na campanha recém finda foi locutor-âncora do guia de rádio tucano.
Pesquisas compradas apontando mentirosos resultados favoráveis ao PSDB insultaram o paraibano, mas o Sistema Paraíba de Comunicação não estava nem aí... Mesmo que algumas delas viessem a ser impedidas de publicação e as emissoras multadas em bom dinheiro.
O valor da causa era maior e o prejuízo plenamente suportável. Leitores, internautas, telespectadores, ouvintes, que se danassem!
Pra’s bandas do outro importante Sistema de Comunicação - o Correio da Paraíba - não foi diferente. As tintas, embora mais suaves, atendiam ao disfarce da inegável sabedoria dos seus dirigentes, useiros e vezeiros de expedientes pouco republicanos em eleições pretéritas.
E proliferaram na internet blog’s e até portais para baldear o projeto de Ricardo Coutinho. Surgiram assim os “Marcondes Ferreira” da vida, os “Kardec’s” e que tais que logo se misturaram aos “Dércios”, aos “Moura”, aos “Pereiras”... numa variedade impressionante de canetas a serviço da depredação moral.
Até tradicionais veículos, como o WSCOM que há anos prestava serviços especiais de informação à Paraíba e ao Nordeste, desnudaram as máscaras para servir aos patrões e acabaram bem pior na fita porque fatos escabrosos que se escondiam sob tapetes palacianos vieram à tona revelando a cumplicidade podre alojada entre um e outro - mídia e Poder Público - em detrimento do bem coletivo, por ambos sempre surrupiado.
O elevado grau de comprometimento financeiro da mídia paraibana com o erário público é algo a ser repensado. E como programa de Governo! Não dá mais para se assistir passivamente o desenfreado carrear de recursos estatais para encher os bolsos já fartos dos donos dos principais veículos de comunicação, todos eles plenamente descompromissados com a causa jornalística.
A Paraíba precisa lembrar como agiam os veículos do falido ‘Diários e Emissoras Associados’ à época do “capitão” Marcondes Góis de Albuquerque e onde a palavra extorsão era conjugada em todos os tempos verbais possíveis.
A Paraíba precisa lembrar da CPI do ‘Correio da Paraíba’, ousada ação onde Cássio Cunha Lima por pouco não provou as criminosas e absurdas relações que envolviam os cofres das burras do Estado com os da empresa investigada. E lembrar ainda a Paraíba que Cássio acabou cedendo quando viu que o fedor vinha de longe alcançando inclusive a administração do seu saudoso pai.
A Paraíba precisa lembrar sem saudades da revista ‘A Carta’ e de Josélio Gondim, ele um imitador sem talento do velho Chateaubriand, mas recebedor de todas as benesses imagináveis do orçamento da SECOM à época em que Ronaldo Cunha Lima foi gestor estadual.
Muitas as relações, mas todas promíscuas. E em desfavor da coletividade.
Os ‘Associados’ quebraram quando o ramal que lhes abastecia entupiu. Não há mais ’O Norte’ e nem ‘Diário da Borborema’ e as TV’s e rádios que sobrevivem só respiram porque tanto em João Pessoa quanto em Campina Grande bons administradores foram contratados para tocar o barco sabedores de que milagres não acontecem em sequencia.
Nas bandas dos dois sistemas maiores de comunicação - o Paraíba e o Correio - o capital recebido irrigou vultosos negócios n’outras áreas, enriquecendo ainda mais os padrões dos seus milionários donos que, repita-se, continuam descompromissados com a atividade fim da mídia: o jornalismo.
Torço que Ricardo Coutinho, o corajoso político que peitou o Fisco, os anestesistas, os políticos de carreira e outras categorias mais apetitosas pelo dinheiro público, dê um freio na volúpia desses barões da mídia que por pouco não o sepultaram agora politicamente. Não que venha a estancar a publicidade institucional, que é necessária e salutar. Mas que bote limites na hora do corte do bolo. Que corte de vez a dependência imoral que gera essa anomalia vergonhosa.
Tem jornal quem pode mantê-lo, já me ensinou lá atrás o saudoso mano Ismael Marinho Falcão. E TV’s também... E portais e blog’s também... E rádios também! Ou o dono mostra competência ou se desestabeleça. Faça como os ‘Associados’ e feche os veículos capengantes. E invista no negócio, em desviar para revendas de veículos, hotéis e resort’s, fundos de renda fixa e contas secretas na Suíça, maioria delas em sociedade com políticos que ganham eleições.
Como creio que Ricardo Coutinho é também aí um ser diferente, a minha esperança ressurge plena e me darei por satisfeito quando assistir esse irrigar criminoso de dinheiro público para generais da mídia se republicanizar.
E tenho dito!
(Publicado originalmente no blog do Tião Lucena)
Blog Jolugue
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