Depois que uma adolescente foi assassinada numa sala de aula da Escola Violeta Formiga, em João Pessoa-PB, começa novo debate sobre a segurança na escola, a redução da maioridade penal (mais uma vez sob os mantos da emoção), os culpados subjetivos, a fatalidade do ocorrido, as coincidências históricas, etc, etc, etc.. Logicamente, até que a notícia abandone os jornais e a dor e a indignação permaneça apenas com a família. Depois seremos afogados por nova tragédia pautada pelas redações. A "sociedade do espetáculo" vive disso. É assim que tem sido.
A verdade é que se pensa pouco sobre as causas e se dimensiona muito as consequências. Situações semelhantes se diluem no cotidiano de forma certeira e reveladora: o machismo mata. Seja na idade adulta, seja na juventude ou mesmo na infância. Todo mundo sabe disso. Todavia, nem todo ato de violência contra a mulher vira notícia. Nem todo crime provoca comoção popular. Enquanto isso, o machismo continua transitando em horário nobre no discurso dos chamados "formadores de opinião". Da mesma forma a homofobia e o racismo agridem o cotidiano de milhões de jovens e produzem milhares de mortes. Tudo silenciado pelo preconceito e pela desigualdade que abriga e agride nossos dias.
Em algumas situações a intolerância é um crime disfarçado de radicalismo. No caso da adolescente assassinada, não adianta tentar reparar diante da opinião pública o que não tem mais conserto. A menina morreu. Ponto. O resto é com a Justiça. Devemos ter atenção para com esta força estranha que leva pessoas comuns às atitudes mais extremadas pelos motivos mais banais. A tristeza pela morte da menina não pode desviar nosso pensamento. A sociedade vive momentos de espantosa intolerância pessoal, política e social.
A vingança ou qualquer raciocínio emocionado não ajudam em nada. Fatos como este continuam apenas alimentando audiências e popularizando a sangria social que atravessa os séculos. E o que é mais lamentável, motivando até mesmo aqueles oportunistas patológicos carimbados que não perdem a oportunidade de partidarizar o debate. Tem "formador de opinião" movido por sentimentos macabros, com uma capacidade infame de tecer ironias sobre uma tragédia como esta.
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