"Nossa casa vai ser a rua", diz jovem após reintegração em SP

Marina Gama

Cerca de 50 pessoas que deixaram hoje o prédio que havia sido ocupado na esquina das avenidas São João e Ipiranga, no centro de São Paulo, montaram barracos nas proximidades. O grupo afirma que não tem para onde ir e que aguarda um posicionamento da prefeitura.

"Nossa casa agora vai ser a rua porque ninguém aqui tem para onde ir. Se tivesse não estaria ocupando. Decidimos sair para não levar borrachada a toa e para que as pessoas não pensem que somos bandidos e traficantes", afirmou o autônimo William Marcelino Correa do Nascimento, 18.

Nascimento também levou suas coisas para o local onde estão sendo montadas as barracas, na altura do número 555 da avenida São João. Com a chegada das famílias, houve uma discussão com moradores de rua que também ficam na região, mas foi logo contida.

"Queremos uma moradia fixa para sair das ruas e poder por nossos filhos da escola. Estamos confiantes que a prefeitura vai se mobilizar para atender a gente, porque também precisamos de estrutura familiar", afirmou a desempregada Andrea da Silva, 34, que morava havia três meses em um quarto do prédio desocupado com o marido, a irmã, o cunhado e dois sobrinho. 

O major Marcos Antônio Félix, da PM, afirmou que representantes da Secretaria de Habitação estiveram no local hoje, mas os moradores afirmam não ter recebido nenhum posicionamento da pasta ainda. Funcionários da prefeitura já tinham estado no local antes para fazer o cadastro dos moradores.

A desocupação do prédio ainda acontecia, por volta das 9h40, de forma pacífica. Os moradores fazem fila para aguardar sua vez de fazer a retirada. Os objetos estão sendo encaminhados para caminhões cedidos pelo autor da ação de reintegração e serão levados para o local indicado pelas famílias ou para um depósito judicial.

Duas faixas da avenida Ipiranga permanecem interditadas devido a reintegração. O prédio estava ocupado havia cerca de quatro meses por cerca de 230 famílias. No início da manhã de hoje, os moradores fizeram um protesto, com panelaço e faixas diante do edifício.

Folha SP