“O caminho da transformação é através da política”
Alessandro Guedes
Alessandro Guedes era ainda adolescente quando entrou na luta pela moradia no Jardim Vila Nova, em Itaquera, Zona Leste paulistana. Em meio à militância social, na batalha pelo direito à terra e pela melhoria do bairro, o jovem descobriu cedo a importância da política e dos movimentos sociais para a transformação da realidade. Hoje, aos 31 anos, é uma das principais lideranças sociais de sua região.
Aos 16 anos, Alessandro entrou no PT e aos 23 tornou-se o mais jovem presidente de um Diretório Zonal do partido em São Paulo, o de Itaquera. Formado em Recursos Humanos, sua trajetória nos movimentos sociais é extensa: foi diretor da Associação do Bem Estar Social dos Moradores do Jardim Vila Nova, delegado do Orçamento Participativo e fundador da ONG Nova Atitude.
No fim da gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) em São Paulo, Alessandro administrou o Parque Raul Seixas, em Itaquera. Ele é, também, membro da Casa Rosada, grupo com forte tradição de luta no Legislativo, que reúne associações, conselhos tutelares, movimentos populares e de direitos humanos na capital paulista.
Com relativa experiência no parlamento - foi assessor dos deputados José Mentor e Donisete Braga, ambos do PT - Alessandro se lança agora na disputa por uma vaga na Câmara Municipal paulistana. Acompanhem a entrevista.
Por que ser candidato?
Entrei muito cedo no movimento social, na luta pela moradia. Moro num bairro de ocupação, o Jardim Vila Nova, em Itaquera. Cresci participando ativamente da batalha pelo desenvolvimento da região. Quando cheguei ao bairro, faltava tudo. Foi nesta luta e com o apoio dos parlamentares petistas que nós conquistamos a reintegração de posse e o direito de permanecer nos lotes. Veio daí meu primeiro contato com o PT e aos 16 anos eu entrei no partido. Cheguei a presidir o diretório zonal do PT em Itaquera e adquiri experiência no Legislativo como assessor parlamentar dos deputados José Mentor e Donisete Braga.
Ao mesmo tempo, eu nunca me desvinculei dos movimentos. Participo da Casa Rosada, grupo que reúne mais de 150 militantes e lideranças de movimentos sociais de diferentes áreas, conselheiros tutelares, profissionais nas áreas de Saúde e Educação. Nosso objetivo no movimento é buscar a melhoria em várias regiões da cidade. A Casa Rosada tem muita força no cenário político e no Legislativo, mantendo forte diálogo com os parlamentares do PT. Por esse trabalho de base ligado ao 3º setor, igreja e diversos movimentos, nós trabalhamos para ter um candidato representando a luta social na Câmara. Agora temos força e é por isso que sou candidato com forte vínculo com os movimentos de base. Quero defender a participação popular e lutar pelos direitos dos mais necessitados da capital paulista.
Principais bandeiras
Nosso objetivo é atuar em prol das lutas sociais. Queremos ser uma ferramenta dos movimentos e das entidades do 3º setor na Câmara, atendendo com muito respeito e seriedade as demandas das comunidades. As frentes de luta são várias. A Casa Rosada é muito heterogênea. Eu, por exemplo, venho da luta pela moradia na cidade. Se eu conseguir ajudar aquela ONG, aquele grupo, aquela comunidade que está trabalhando em uma determinada área – seja ela qual for – estarei satisfeito.
Queremos defender e ampliar a participação popular e a luta intransigente pelos direitos dos paulistanos, especialmente, dos mais necessitados. A política é transformação. Sempre digo que uma vez que o bem se afasta, o mal toma conta. Não podemos deixar isso acontecer. Nós sentimos isso na pele. Há muitas frentes de luta em São Paulo e quem passa por dificuldades, sobretudo os mais pobres, moradores das periferias, precisa de muito apoio do Legislativo. Nosso objetivo é dialogar, cuidar e encaminhar as demandas dos movimentos sociais com responsabilidade. Esse é o caminho. Ninguém nos dá nada, temos de lutar.
Renovação geracional na política
A renovação política é urgente. Há excelentes parlamentares do PT na Câmara Municipal, combativos, que disputam pela cidade; mas há muitos que estão lá há 30 anos, com uma prática velha de fazer política, e que já até sabem como se reeleger. Eles contam com muito dinheiro, dão brindes aos eleitores, sem compromisso algum com a luta e as demandas, de fato, das comunidades. Muito menos com as políticas públicas que podem ajudar a população. E pior: eles governam a vida toda, depois colocam seus filhos...
E o povo, do lado fraco da corda, é prejudicado. É isso que nós temos de mudar. Nesta disputa, percebo que quando digo que não sou um deles (políticos de práticas antigas), as pessoas param para me ouvir. Elas estão cansadas desse tipo de política. Daí a necessidade de renovação. Nós precisamos ampliar os espaços e defender outra política no país, na cidade, nos partidos. Acredito que esse é um movimento bom e que está acontecendo. Basta ver a candidatura de Fernando Haddad em São Paulo.
Ensinar a população o caminho da transformação
Temos de ensinar a população que o caminho para a transformação da sociedade é através da política. Não podemos acreditar apenas no que a imprensa fala. A "verdade" de grande parte da mídia é distorcida e vazia. Temos de ir atrás dos fatos, das informações, da verdade, porque nós somos o lado fraco da corda. E quando nos afastamos, aquela velha oligarquia toma conta. Afinal, eles não aceitam que um trabalhador chegue ao poder. Veja o que fazem com o ex-presidente Lula que passou por tantas dificuldades, sentiu na pele as injustiças e surgiu da classe trabalhadora.
Agora, a renovação não pode ser apenas retórica. Eu sei a dificuldade que é ser candidato a vereador em São Paulo e nós temos jovens candidatos que precisam de condição e estrutura. A renovação na política tem de preparar os quadros, com bastante responsabilidade, dando de fato condições para que essas pessoas disputem fazendo um bom trabalho e que não desistam no meio do caminho.
Blog do Dirceu
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