Marido bêbado e família com medo |
Na maioria dos casos, mulheres e crianças sofrem
Katiana Ramos
A ingestão de bebida alcoólica é mais um agravante para a ocorrência da violência contra a mulher, seja agressão física, verbal ou psicológica. Em muitos casos, as situações em que o agressor estava sob o efeito do álcool durante o ato de violência passa despercebida. Na pesquisa “Violência doméstica e familiar contra a mulher”, divulgada no ano passado pelo Instituto DataSenado, 24% das mulheres entrevistadas acreditam que a agressão que sofreram foi induzida pelo uso de alcool por parte do agressor. A bebida alcoolica também foi apontada como fator que motivou brigas e discussões, além do ciúme doentio.
Em João Pessoa, muitas mulheres atendidas no Centro de Referência Ednalva Bezerra, mantido pela Prefeitura de João Pessoa, foram vítimas de agressores que estavam sob o efeito do álcool ao cometer o crime. “O alcoolismo se torna um agravante e, muitas vezes, a própria vítima não entende que está sofrendo uma violência de gênero, associando a agressão ao fato do companheiro (ou agressor) ter cometido o ato pelo fato de estar bêbado. No entanto, esse agressor é uma pessoa violenta e não cometeu a agressão somente pelo uso do álcool ou outras drogas”, comentou a coordenadora do Centro, Thêmis Gondim.
A coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) e especialista em dependência química, Erica Siu, destacou que há pesquisas que comprovam o maior risco de violência, chegando a situações mais graves, envolvendo o uso exagerado ou compulsivo de álcool. “Com relação à violência por parceiros íntimos, maiores taxas são encontradas entre alcoolistas e bebedores pesados e compulsivos, particularmente homens. Também há evidências de que o consumo excessivo de álcool está associado a agressões mais severas contra a parceira”.
A especialista alertou que são diversos os aspectos que envolvem o consumo excessivo de bebida alcoílica e a realização de atos violentos. Nessas situações, são considerados os efeitos do álcool no organismo, que pode aumentar a impulsividade e agressividade, o contexto e ambiente onde se está ingerindo a bebida e ainda a personalidade da pessoa. Contudo, ela reforça que a ingestão do álcool por si só não é a única responsável pelo ato violento. “Usar o álcool como desculpa para cometer qualquer ato de violência é algo muito frágil, pois existem todos esses fatores que acabam permeando essa perigosa relação entre álcool e violência", disse Érica Siu.
Correio Paraíba
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