quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Desembargador que anulou júris do Carandiru sugere que imprensa é financiada pelo crime

Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo
Ivan Sartori também acusou defensores de direitos humanos de serem patrocinados pelo crime organizado

Rodrigo Gomes, da RBA

'Seremos criticados pela imprensa, mas não quero saber da imprensa', disse Sartori no dia do julgamento

São Paulo – O desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) Ivan Sartori, que votou pela anulação dos julgamentos e absolvição dos policiais envolvidos no Massacre do Carandiru, sugeriu hoje (4), em uma rede social, que a imprensa e organizações de direitos humanos são financiadas pelo crime organizado. “Diante da cobertura tendenciosa da imprensa sobre o caso Carandiru, fico me perguntando se não há dinheiro do crime organizado financiando parte dela, assim como boa parte das autodenominadas organizações de direitos humanos”, escreveu.

No dia 27 de setembro, a 4ª Câmara Criminal do TJ-SP anulou os julgamentos – e condenações – de 74 policiais militares e pediu a absolvição deles por entender que o Ministério Público não foi capaz de individualizar a conduta de cada um no caso. No dia 2 de outubro de 1992, 111 detentos do presídio foram assassinados pela Polícia Militar (PM), após uma rebelião em dois pavilhões. “Não houve massacre, houve legítima defesa e cumprimento do processo pela PM”, destacou Sartori.

O voto de Sartori, no entanto, não prosperou, pois os outros dois desembargadores do colegiado, Camilo Léllis e Edison Aparecido Brandão, decidiram pela nulidade dos julgamentos, mas consideraram que a decisão do júri sobre as condenações não podia ser modificada. Assim, outros julgamentos deverão ser marcados.

Durante o julgamento, Sartori já havia criticado a imprensa, demonstrando, no entanto, não se importar com o que seria dito nos veículos de comunicação. “Seremos criticados pela imprensa, mas não quero saber da imprensa, a imprensa não julga”, disse Sartori. “Eu sou o juiz, e eu voto como deve ser”, completou.

O desembargador afirmou ainda, em sua postagem, que a imprensa não analisou o conteúdo completo de seu voto, preferindo dar voz apenas a uma parte no caso. “Estão lá todas as explicações da anulação e tese da absolvição. O processo todo está retratado no voto. Preferem ouvir uma das partes (a procuradora de justiça oficiante), a qual, obviamente, dá a versão do Ministério Público (MP), repita-se, parte no processo. A Justiça não pode fazer milagre quando lhe é apresentado um trabalho acusatório absolutamente falho”, afirmou, criticando também o MP.

Dias depois do julgamento na 4ª Câmara, foram publicadas reportagens sobre o rigor com que Sartori condenou um homem acusado de furtar um salame em um supermercado. E serviram para demonstrar o que os críticos da decisão sobre o Massacre do Carandiru consideram como parcialidade do magistrado.

Desde o dia do julgamento, Sartori também tem respondido aos que criticam sua posição nas redes sociais. A uma seguidora, que o criticou por ser severo contra um homem acusado de roubar salame, mas absolver os PMs, ele respondeu: “Você é uma infeliz que não sabe o que diz. Mais uma incauta dos ativistas dos pseudo-direitos humanos”.

RBA



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