sábado, 4 de junho de 2016

Muhammed Ali, guerreiro virtuoso



MUHAMMED, ALI E AQUI

O boxe, esporte violento, não me atraía muito, apesar de termos aqui o 'peso galo' Éder Jofre. Mas com ele se tornou um balé, um corpo dançarino, sem perder a força demolidora dos nocautes. Cassius Clay era como um pica-pau em madeira dura: tenaz, ágil, persistente. Deu um novo sentido, de inesperada leveza, ao esporte bruto.


Cresceu, sobretudo, porque sua atuação não era apenas nos ringues: Muhammed Ali, nome que adotou, agigantou-se também nas lutas contra a discriminação racial, a intolerância religiosa e a guerra imperialista no Vietnã. Jamais esqueceu suas origens.

Muhammed Cassius Ali é um símbolo da nossa jovem e arrebatada geração - a de Luther King, Jane Fonda, Beattles, Helder Câmara, Pelé, Garrincha, Vandré, Chico, Baianos, Clube da Esquina e tantos outros, de diversas grandezas.

O corpo "impávido" de Ali agora jaz, na "lona" da existência, queda da qual nenhum de nós escapará. Mas sua passagem pelo mundo como rebelde de boas causas seguirá invicta. Que Alá, Javé e todos os orixás o recebam, abanando a toalha do acolhimento eterno, dando-lhe o ar perene que lhe faltou.

Chico Alencar 

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